Imagem capa - Devaneios de uma fotógrafa na quarentena. por Josi Contarelli

Devaneios de uma fotógrafa na quarentena.

Não sei se é certo uma fotografa que tem um blog “acoplado” ao site (será que dizer acoplado entrega o quanto sou cringe?) escrever algo que não seja apenas relacionado ao seu trabalho, mas penso que falar apenas sobre dicas ou sobre o trabalho que exerço não seria uma forma carinhosa de lidar com minha mente barulhenta.

 Desde já quero lhe informar que apesar de ser uma leitora voraz e amar escrever a escrita não me seja algo fácil, então se prepare para ler alguns erros de português pelos quais já me desculpo por antecedência. 

Confesso que os últimos meses foram sem dúvida os mais difíceis da minha vida. Dizer que surtei nessa quarentena seria quase minimizar os sentimentos loucos que tenho vivido nesse período, porém espero sobreviver! Me dedicar a família quase que exclusivamente não foi fácil para mim que sempre trabalhei e considerava o trabalho doméstico uma treva. Encontrar um prazer em meio ao caos virou tarefa quase impossível. E quantas vezes eu escutei a frase “VOCÊ PRECISA SE REINVENTAR” juro que tenho vontade de matar quem diz isso, apesar de saber que de alguma forma era o certo, eu meio que sentia que pra me reinventar teria que abandonar tudo e começar de novo algo que eu nem sabia o que era, e juro eu não queria nem pensar nisso, queria apenas tomar um leite com toddy e me enfiar o máximo de tempo na minha cama e apenas chorar. Ao mesmo tempo em que esse era meu único desejo me sentia na obrigação de ser forte. Aí não dá né! Surtei! Pirei mesmo, chorei, planejei meu velório ou não velório já que decidi que não queria ser velada, planejei quem cuidaria de tudo caso eu ficasse incapaz, já que a única coisa que eu conseguia pensar é que eu de fato morreria de covid (detalhe, eu nunca nem tive covid). Ok! Por que eu, fotógrafa de casamento estou te contando isso? Poque estou cansada dessa capa de perfeição que muitos profissionais vestiram durante esse tempo todo, como se não houvesse um temor terrível de que nada nunca voltasse ao normal. Hoje mesmo com o caos ainda em atividade consigo ver uma luz bem pequena mas muito brilhante que tem me movido de volta ao amor pela fotografia de casais. Sim! talvez eu seja uma romântica meio bruta mas ainda sim romântica.